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Texto_Leonardo Acromado
Design_Guilherme Lourenço

_Aliás, se aprendemos algo com aquela terça-feira em que o Instagram ficou todo preto, foi que o uso das hashtags pode ficar na esfera da militância performativa, na qual as pessoas postam mais para fazer parte do assunto do que para de fato aprender e mudar algo.
O ciberativismo não é novidade, ficou famoso a partir de 2003, principalmente com as ações polêmicas do grupo Anonymous. No entanto, o fato é que a geração Z está aproveitando a vantagem que têm, por serem nativos do ambiente digital, e executando ações de muita efetividade, que extrapolam os limites da “militância de sofá”.
1_TikTokers se mobilizaram para reservar ingressos ao comício de Donald Trump, em Tulsa, e não compareceram ao evento, deixando mais da metade da arena vazia.
2_O aplicativo da polícia de Dallas, que recebia vídeos de manifestantes para rastreá-los e incriminá-los, foi derrubado após fãs de K-pop floodarem os servidores com vídeos de seus ídolos, as famosas “fancams”.
3 _Os fundos organizados para pagar a fiança dos manifestantes que fossem presos nas manifestações do Black Lives Matter receberam mais de 31 milhões de dólares em doações.
4_A fã-base do BTS, grupo de K-pop, arrecadou 1 milhão de dólares em 24 horas para o Black Lives Matter.
5_Os fãs brasileiros da Katy Perry, no ano passado, em um projeto de aniversário da artista, organizaram uma vaquinha online para a Casa Nem, instituição que auxilia transexuais e travestis em situação de rua, no Rio de Janeiro.
_As redes têm um papel fundamental na viralização de discussões, mas até que ponto é efetivo subir uma tag #PrayForqualquercoisa nos trending topics do Twitter, ou postar foto com #BlackLivesMatter na legenda?

A problemática nesse tipo de ativismo está na falta de verificação das informações, na velocidade em que elas podem circular, e nos efeitos irreversíveis que elas causam. Sem o devido cuidado, a barreira entre militância e linchamento é ultrapassada.
Recentemente, um imigrante nos Estados Unidos perdeu o emprego em questão de 2 horas, após estalar os dedos com a mão pra fora do carro e um homem no veículo ao lado viralizar uma foto no Twitter. Foi interpretado que o motorista estava fazendo um sinal de “OK” utilizado por supremacistas brancos.
Também no Twitter, uma thread expondo pessoas que fraudaram o sistema de cotas conseguiu fazer com que diversas pessoas fossem expulsas de universidades, mas acabou expondo uma estudante que, segundo o perfil, havia fraudado a cota para indígenas. A moça provou sua raça e apontou racismo por parte do perfil, que julgou a raça dela por uma simples foto em rede social.
O futuro do ciberativismo é de frentes que têm organização e objetivos claros. Um exemplo perfeito disso é o perfil Sleeping Giants, que tenta combater a propagação de fake news, contando com uma base de seguidores que cobram posicionamento de marcas, quando elas têm anúncios circulando em portais duvidosos.
O movimento conseguiu dar prejuízo de 8 milhões de euros ao principal portal de notícias falsas nos Estados Unidos. No Brasil, o perfil do Twitter é recente, mas passa de 370 mil seguidores e já conseguiu prejudicar o financiamento de páginas bolsonaristas em 553 mil reais, segundo estimativa dos organizadores.
Nos tornando cada vez mais uma civilização completamente conectada, não há dúvida de que o ativismo também precisa estar aqui, no ambiente digital. Apesar de ainda estarmos engatinhando nos nossos anos de internet, a luta por justiça social caminha para uma nova era, deixando para trás a superficialidade e focando na eficiência.